O escritor cearense Gylmar Chaves ministrará nesta sexta-feira, 17 de maio, às 9hs na FAFIDAM, a palestra Bárbara de Alencar e a Construção do Sentimento de Cidadania. A iniciativa faz parte da programação da II Jornada de Letras e II Feira do Livro de Limoeiro do Norte, que ocorrerá entre os dias 16 e 18 de maio. No mesmo dia haverá também uma roda de conversas com poetas que participarão da II Jornada de Letras. O evento dará direito a certificado aos participantes.

Sobre a Palestra

Segundo Gylmar Chaves, dentro e fora das Universidades se encontram muitos alunos que não percebem o que é cidadania ou se apropriaram do sentimento de pertencimento de nação. No entanto, são eles que irão ser a maioria dos nossos trabalhadores e dos que mais vão ter de defender os direitos de cidadania e repassá-los para as gerações seguintes.
"Daí, nossa paixão por um contato com eles, servindo-nos da história de uma grande cidadã, que foi a avó do romancista José de Alencar: Bárbara de Alencar, uma das maiores figuras brasileiras que defendeu a cidadania no tempo da colônia e da escravidão. Ela foi talvez a mais consciente personalidade do que era cidadania numa época em que a dominação e os maus tratos eram considerados normais. Numa época em que se construía clandestinamente as bases do ideário republicano.
Disto emerge a importância única dessa mulher de vanguarda, profética no profundo do seu ser, e, portanto, um exemplo para os tempos atuais. Hoje, o mundo busca a democracia e a igualdade como nunca. Temos a certeza de que a sua vida, pesquisada pelo escritor Gylmar Chaves, seja o mais vivo exemplo a ser partilhado".

Sobre o Palestrante


Oriundo da região jaguaribana do estado do Ceará, as produções artísticas e literárias de Gylmar Chaves estão estampadas em dezenas de livros.
Nos bancos da faculdade foi estudante do Curso de Licenciatura em música (UECE). Mas foi escrevendo que ele deixou de viajar apenas na imaginação para percorrer várias partes do mundo. Lá pelas Minas Gerais e Bahia participou de fórum de museus. A construção do Museu da Imagem e do Som a partir da memória local foi discutida por ele em quase todo o Ceará. Meteu o pé na estrada para apresentar de forma institucional as políticas culturais do Estado do Ceará. Palestrou sobre a criação do Museu da Imagem e do Som a partir das singularidades e universalidades de uma cidade em vários fóruns quando ocupou o cargo de diretor do MIS-CE. Sobre o encantamento da construção histórica do Ceará e suas diversidades culturais foi a sua palestra durante o II Festival Internacional de Trovadores e Repentistas do Sertão Central, promovido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em Quixadá. 
Um dos idealizadores e articuladores para a sua realização do Encontro Mestres do Mundo, também um evento produzido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em Limoeiro do Norte, percorreu inúmeros recantos do sertão jaguaribano para introduzir o conceito desse que é considerado um dos mais festejados eventos do país sobre a cultura tradicional popular. 
Gylmar Chaves foi quem iniciou os processos para a criação da Secretaria da Cultura de Limoeiro do Norte, a primeira do vale do Jaguaribe, ocupando esse cargo por duas vezes. Na sua última gestão a frente dessa secretaria, idealizou e articulou o processo de geminação entre a cidade de Limoeiro do Norte e a cidade portuguesa de Espinho, tornando-se Limoeiro do Norte a primeira cidade do Vale do Jaguaribe a se geminar com uma cidade européia com vista ao intercambio e trocas de experiências nas áreas da cultura, educação, saúde e desenvolvimento. 
Em Fortaleza, exerceu o cargo de diretor do Museu da Imagem e do Som. Foi membro do Conselho Administrativo do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, da Comissão de Anistia Wanda Sidou do Estado do Ceará, da Comissão de Difusão do Hino do Estado do Ceará e do Conselho do Idoso do Estado do Ceará. 
Consta ainda na sua vasta obra artística a produção do documentário Caminhos que retrata a festa religiosa de Jesus, José e Maria na comunidade de Marrecas, município de Tauá-CE, na região dos Inhamuns, dirigido por Eliza Günther e Heraldo Cavalcanti. Sobre Brinquedos populares – uma alternativa lúdica, pesquisou em 35 cidades do interior cearense que depois virou livro editado pelo UNICEF, destinado a professores de creches e pré-escolas. Entre suas experiências se encontra as políticas sociais, quando na favela do Pirambú, em Fortaleza, trabalhou na produção de importante trabalho sobre os processos criativos da criança, com o apoio do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais, do Rio de Janeiro/RJ, co-financiado pela Cáritas.

Alguns dos livros publicados:

Fábrica do passado – Editora Vozes, 1991. Nessa narrativa infanto-juvenil o autor questiona a fabricação de determinados brinquedos e sua ludicidade a partir de um fabricante, que passa a se questionar sobre os próprios brinquedos que fabrica.

Nossa paixão era inventar um novo tempo (co-organizador) – Editora Rosa dos Tempos, 2000. Livro composto de 34 depoimentos de personalidades brasileiras sobre a resistência à ditadura militar, organizado em parceria com Daniel Souza.

Feira de São Cristovão: o Nordeste é aqui – Editora Relume Dumará. O livro conta a história dessa tradicional feira nordestina encravada num dos pontos mais estratégicos do Rio de Janeiro, sendo considerada uma das maiores feiras livres da América Latina.

O segredo da clave do sol – Editora Artes & Contos Ltda, 1995. Primeiro songbook infantil brasileiro, em parceria com a arte-educadora, cantora e compositora carioca Bia Bedran, o livro foi construído a partir da letra de dez composições musicais da própria cantora, como um fio maravilhoso que nos conduz através de seu inusitado exercício de criatividade e encanto.

Ceará Mirim – Coleção Baião das Letras, publicado pela Secretaria da Educação do Estado do Ceará, 2006. Escrito em parceria com o poeta e Prof. Társio Pinheiro, o livro é composto de crônicas sobre alguns ícones da geografia e historiografia cearense.

O Menino que queria muito – Edições Demócrito Rocha, 2001. Livro infantil que aborda a construção do imaginário dominante de uma criança em busca de respostas sobre a vida e suas complexidades.
Feira de São Cristóvão: o Nordeste é aqui – Editora Relume Dumará (Coleção Cantos do Rio), 1999. O livro narra a história do surgimento da feira, entremeado de depoimentos dos próprios feirantes, de visitantes e de alguns dos fundadores. Há um capítulo dedicado especialmente a gastronomia nordestina.

Doce mania de amar – Editora Artes & Contos Ltda, 1992. Fábula pós-moderna que aborda as diversas dimensões da afetividade, contemplado pelo surpreendente e o inesperado.

Ateliê do cotidiano – Edição do autor, 1990. O livro nos conduz à várias travessias feitas por um cidadão comum através de 50 poemas que se alastram sobre as vertentes das nossas singularidades e universalidades, impressa à cada dia em nosso cotidiano.

Oficina de sonhos – Edição do autor, 1987. Sobre os vários aspectos e particularidades de uma infância inesquecível, através de 50 poemas o livro nos faz retornar a um tempo sem receio e medo do futuro, sem alardes e expectativas diante das dobras do tempo que somente amadureceu através de brincadeiras e brinquedos. É um livro infantil para adulto ler.

Pássaro urbano – Edição do autor, 1986. Através de contos e poemas o livro rastreia vários aspectos que podem ser a ligadura do sertão com seus modos e costumes e a urbanidade efervescente. Esses dois mundos não conseguem se separar.

Entre suas atividades profissionais ainda na área do livro:

Editor de texto do livro Memórias de uma mulher impossível, da escritora e feminista Rose Marie Muraro. Produziu e realizou a pesquisa iconográfica para o livro Índios do Ceará: massacre e resistência, de autoria do sociólogo José Cordeiro de Oliveira. Editor de texto do livro Para mim, chega!, da artista plástica e ativista social carioca, Yvonne Bezerra de Mello. Foi fundador do Jornal Folha do Vale de Limoeiro do Norte. Editor de texto do livro O tesouro na rua, do Senador e ex-ministro da Educação, Prof. Cristóvam Buarque - selecionado para o Programa Nacional de Salas de Leitura, classificado como “altamente recomendável”. Organizou e participou dos livros Ah, Fortaleza (co-organizador) – Álbum iconográfico sobre o recorte histórico de 1880-1950 da cidade de Fortaleza, e Viva Fortaleza, outro recorte histórico da capital cearense compreendendo o período entre 1950-2010, ambos editados pela Editora Terra da Luz, 2006 e 2011; Judith – Edição da Escola Normal Rural de Limoeiro do Norte, 2006. O livro é uma biografia constituída através de textos sobre uma das personagens políticas mais expressivas da região jaguaribana. Padre João - Fidelidade a um ideal (co-organizador) - Livro de textos sobre os 50 anos de sacerdócio do padre João Olímpio Castello Branco, 2004. Ceará de Corpo e Alma (Organizador) – Editora Relume Dumará, 2002 – Coletânea de textos sobre a diversidade cultural e história do Ceará.
Gylmar Chaves já cruzou o atlântico várias vezes e foi morar em terras estranhas. Como diria o poeta paraibano Zé Limeira – o Poeta do Absurdo: “Ele conhece Oropa, França e Bahia”.