"Dominada por grandes empresas produtoras de frutas, a Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte (CE), sofre com a contaminação das águas e a asfixia dos pequenos produtores". Essa é a legenda da foto ao lado, de José Leomar, publicada no artigo intitulado "O Sal da Terra", de Luiz Antonio Cintra, reportagem de destaque publicada no site da Revista Carta Capital nesta semana.
O autor inicia seu artigo reproduzindo o diálogo de entre uma mãe-viúva e um filho-órfão nos seguintes termos “Gabriel, meu filho, bora lá ver onde o pai virou estrelinha”, diz Maria Lucinda Xavier na porta da venda modesta construída no cômodo da frente da casa da família, no Tomé, distrito de Limoeiro do Norte, a 205 quilômetros de Fortaleza. Branquinha, como é chamada pelos amigos, pega o menino no colo e leva o repórter a uma curva da estrada próxima que liga Limoeiro ao distrito. No dia 21 de abril deste ano, José Maria Filho, 44 anos e dois filhos com Branquinha (Gabriel, de 4 anos, e Márcia, de 19), voltava da Câmara Municipal quando foi executado. Em um trecho ermo da estrada, levou um tiro de espingarda calibre 12, seguido de 17 tiros de pistola calibre 40. Quatro meses depois, o inquérito – presidido por um delegado da capital destacado para o caso – não apontou nenhum suspeito. O mais provável, diz quem acompanha a apuração, é ficar por isso mesmo: mais um caso de pistolagem na região sem mandante identificado, uma triste rotina a que os moradores da região parecem habituados.
Ele continua dizendo que “O que revolta foi o jeito como mataram o Zé Maria, como se fosse bandido”, diz Branquinha, acrescentando que ele sempre foi “desenrolado”, maneira de dizer que não tinha medo de enfrentar os problemas. Líder comunitário aguerrido, que nos últimos tempos encontrou apoio do MST, da Igreja e de pesquisadores locais, Zé Maria voltara há dez anos para a Chapada do Apodi, onde fica Tomé e outros distritos menores.
Trata-se de uma região que, desde o tempo da Sudene de Celso Furtado, nos anos 60, foi objeto de projetos de desenvolvimento irrigado. “Antes disso, os grandes latifúndios viveram por décadas da carnaúba, então abundante na região, de onde era extraí-da a cera, mas também da produção de lenha para a indústria cerâmica e o cultivo do algodão”, diz a geógrafa Bernadete Coêlho Freitas, professora na universidade local. O plástico substituiu a carnaúba, levando os barões à crise e ao socorro do Estado. E o náilon derrubou o preço do algodão, contribuindo para desvalorizar as terras.

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