Nossas Potencialidades Auditivas
19:17
Postado por Unknown
por Maurício Moreira Cardoso
professor do curso de Letras/Língua Inglesa da FAFIDAM/UECE
“The theory of relativity occurred to me by intuition, and music is the driving force behind this intuition. My parents had me study the violin from the time I was six. My new discovery is the result of musical perception.”
Albert Einstein
Ao vislumbrar toda a complexidade das potencialidades reveladas por um ente humano, podemos ser levados a indagar sobre quais seriam as melhores estratégias educacionais utilizáveis, a fim de criar as condições ideais ao florescimento dessas potencialidades, considerando o projeto de uma vida produtiva, tanto no âmbito social quando individual. Esta indagação possibilita uma gama enorme de reflexões, as quais nos fazem passar em revista aos fundamentos da civilização de que fazemos parte. Em acréscimo, devemos chamar a atenção para o fato de que uma vida produtiva deva compreender não só um estado de satisfação no interior da vida social a que pertencemos, mas também um estado de felicidade que deve ser o substrato da observância das leis naturais que regem o desenvolvimento humano.
Simplificadamente, sabemos que o homem primitivo devia contar com a educação dos seus sentidos caso desejasse sobreviver em um meio hostil. Neste caso, é razoável pensar que o trabalho harmônico dos elementos mediadores do homem com a Natureza (os cinco sentidos humanos) deveria aumentar suas chances de sobrevivência. Não somente o sentido da visão era especialmente cobrado, mas, talvez em um esforço ainda maior, o homem das cavernas devia contar também com o sentido da audição, visto que, na ausência de iluminação artificial no período noturno, este instrumento da sua percepção fosse um aliado precioso para antecipar perigos não detectáveis pela visão. Mas não é esta a situação atual que o homem moderno enfrenta. A vida do homem nas metrópoles de hoje requer habilidades diferentes daquelas exigidas do homem primitivo.
Dado que hoje contamos com os recursos tecnológicos para não nos encontrarmos mais à mercê das forças da natureza, parece lógico observar que o nosso sentido mais cobrado nos dias atuais seja o sentido da visão. De fato, o dr. Rüdger Dahlke – especialista em medicina psicossomática, afirma isto, que o sentido da visão encontra-se sobrecarregado no homem moderno. Dahlke fornece evidências para sua hipótese, mostrando que nossa linguagem está repleta de metáforas que denunciam essa sobrecarga. Um exemplo extremo acontece quando um falante solicita ao seu interlocutor que “veja” o que ele quer significar, dizer, em vez de ouvir, o que seria mais lógico e esperado. Neste sentido, vale mencionar a quantidade de doenças que acomete a população moderna, bem como sua extensividade, que cobre uma parcela gigantesca da população mundial, especialmente nos países ditos desenvolvidos.
Se o sentido da visão sofre uma sobrecarga, isto significa que o aparato perceptivo está subaproveitado no que diz aos outros sentidos, notadamente o sentido da audição? A escassez de referências na linguagem ao sentido auditivo juntamente com o crescente aumento das doenças da visão pode elucidar essa questão.
Considerando os crescentes problemas de saúde registrados na população, somos levados a pensar que há a necessidade de restaurar o equilíbrio no interior do aparato perceptivo humano. Uma das medidas a serem tomadas seria, a propósito, fomentar o exercício das faculdades auditivas no homem moderno, de modo que este possa apresentar um desenvolvimento que se traduza em uma vida mais equilibrada e no aumento da qualidade das suas relações com o meio social e consigo mesmo. Cabe aqui destacar que o exercício das habilidades auditivas do homem moderno tem encontrado um apoio valioso na educação musical.
Pesquisas recentes têm comprovado a eficácia da educação musical como instrumento de recuperação do equilíbrio perdido, no sentido discutido acima. A seguir, mostraremos algumas conclusões resultantes dessas pesquisas.
A primeira delas é que a educação musical ajuda a desenvolver o raciocínio e o trato com a linguagem através do estímulo a áreas do cérebro relacionadas a essas faculdades. A memória também é beneficiada com o exercício de leitura de partituras, pois esta é uma capacidade constantemente cobrada de quem é músico. A prática musical também melhora o apreço por fazer tudo muito bem feito, em qualquer área de atividades humana, pois o músico é estimulado a sempre melhorar o seu desempenho.
O domínio da coordenação motora é outra consequência da prática de um instrumento musical. Tocar uma peça musical implica o envolvimento do corpo e da mente em um trabalho harmônico e concentrado. Neste sentido, convém dizer que tocar também melhora o senso de realização, pois tocar uma peça musical é uma tarefa desafiadora, ainda que perfeitamente realizável, pois há a necessidade do engajamento, o que leva as crianças a se mostrarem engajadas com outras tarefas escolares.
A educação musical, sobretudo aquela ligada à prática de um instrumento musical, forma o caráter, pois coloca em atividade a força de vontade, o controle emocional, o domínio das habilidades motoras, o que sempre resulta em uma satisfação interior capaz de trazer à tona o melhor existente na pessoa humana.
Outro bem extremamente proveitoso, sobretudo para a vida em sociedade, é a capacidade de detectar elementos significativos embutidos nos estímulos sonoros que chegam aos ouvidos de um músico como, por exemplo, as nuances significativas que encontramos no choro das crianças. A música também é capaz de ajudar a construir nossa capacidade imaginativa, o que resulta na construção de uma atitude positiva perante o aprendizado, o que também aumenta a curiosidade e o gosto pela investigação. É quase um consenso entre as pessoas que a música é um elemento que nos ajuda a diminuir o estresse via estado de relaxamento. Sabemos que um indivíduo aprende melhor e resolve melhor os problemas, quando se encontra relaxado, em estado de flexibilidade mental.
O domínio de um instrumento musical impõe disciplina. Este é outro benefício da educação musical ligada à prática de um instrumento. Sabemos que a vida profissional, com sucesso consequente, requisita habilidades de planejamento e muita disciplina para colocar em prática aquilo que foi planejado. A propósito, o pensamento criativo tem sido cada vez mais procurado nos dias atuais diante das crises globais em que nos encontramos. A prática musical também estimula nossa criatividade, pois, como vimos, estimula nossa memória, nosso raciocínio e nossa imaginação a um só tempo.
Outra capacidade muito cobiçada nos dias atuais é a de trabalhar em grupo. Pois bem, a música também coloca o músico em um plano de interação cooperativa com outros músicos, em uma orquestra, por exemplo. O músico individual também é capaz de compreender os conceitos de harmonia e trabalho cooperativo, visto que, mesmo no plano individual, seu organismo deve cooperar como um todo para o bom andamento da execução de uma peça musical.
Finalmente, o músico é ensinado a lidar como a ansiedade resultante de uma apresentação em público, o que o leva a avaliar bem os riscos envolvidos, conforme com o que lhe é cobrado mediante sua capacidade de execução. Uma apresentação bem sucedida, resultante do trabalho duro, também desenvolve a autoconfiança e a autoestima da pessoa.
Como podemos inferir, a prática de um instrumento musical é uma das atividades mais completas para o cérebro. Fornece ao praticante a capacidade de entender o meio em que vive de uma forma muito mais capaz de leva-lo ao sucesso, não somente profissional, mas também como pessoa humana caracterizada por todas as habilidades que definem um ser humano.
A educação musical ajuda o indivíduo a tomar posse da vida em sua integridade, ajudando-o a tornar-se um ente mais completo e, consequentemente, mais feliz.
Opinião
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