Na manhã de 26 de setembro uma comissão de 10 pessoas das comunidades atingidas pelo Perímetro Irrigado e Barragem do Figueiredo na região do Vale do Jaguaribe, distante 211 km de Fortaleza, representantes do Escritório Frei Tito da Assembléia Legislativa e da Ouvidoria Pública Geral do Estado esteve na superintendência do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) na tentativa de encontrar uma solução para os acampados do canteiro de obras de Tabuleiro de Russas. 

Na audiência, além da comissão estavam presentes o diretor geral do DNOCS Ermeson Fernandes Daniel Júnior, o diretor de Infra estrutura hídrica Glauco Mendes, o diretor de produção Laucimar Loiola e o procurador federal Felipe Carvalho, o coordenador de obras Felipe Cordeiro, o coordenador de estudos e projetos Berlan Cabral e a técnica do setor de planejamento Raquel Pontes.

“As famílias acampadas no canteiro de obras da segunda etapa do Perímetro irrigado Tabuleiro de Russas, não irão desocupar enquanto o órgão não tomar uma providência emergente”, afirmou Diego Gadelha representante dos movimentos sociais.

A comissão relatou toda a situação de descaso por parte do DNOCS com as famílias atingidas pela construção das obras desde que foram iniciadas, e do descumprimento do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado desde 2010 entre DNOCS e Ministério Público Federal.

A obra que prevê um investimento total de R$ 104.492.325,35 milhões com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que já afetou mais de 4.225 hectares causou impacto direto na vida das famílias e do meio ambiente.

O diretor Geral Ermeson Fernandes reconheceu as falhas e afirmou que a culpa é da burocracia e atraso nas licitações, além disso, culpam ainda o Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) onde tem firmado convênio até janeiro de 2014 de não cumprir com o combinado no acompanhamento das famílias e outras demandas acordadas entre o órgão e o instituto. A escolha da empresa para a construção das casas do restante das famílias que ainda não foram reassentadas ainda está em licitação, mas conforme informação do procurador Felipe Carvalho a resposta do processo da empresa ganhadora ainda seria informada até o fim da tarde de ontem.

As comunidades ouviram atentamente e afirmaram que não vão mais esperar e exigiram prazos para a solução dos problemas mais gritantes como a falta d´água, luz e terra para produção. “Não agüentamos mais, somos nós que sentimos na pele o sofrimento e não vocês. É um absurdo nos dias de hoje não termos energias nas nossas casas” relatou Damiana Alves uma das moradoras que espera ser reassentada.  

O DNOCS se comprometeu em visitar as famílias atingidas pela Barragem do Figueiredo e Perímetro Irrigado nos dia 1 e 2 de outubro, após essa visita se reunirão internamente com toda equipe para avaliar os impactos, denúncias e reivindicações da comunidade. Ficou acertado que dia 10 de outubro o órgão fará uma audiência onde será apresentado todo projeto com as famílias atingidas pelo Perímetro Irrigado às 14 no espaço do canteiro de obras. E com as famílias da Barragem do Figueiredo no dia 15 às 14h na quadra de esporte da Vila São José no município de Iracema.

Em reunião ontem à noite as famílias decidiram desocupar o canteiro de obras, no entanto as mobilizações continuarão nos dois territórios até o dia das audiências e não irão descansar até que todas as reivindicações sejam atendidas, do contrário a ocupação voltará com mais força.

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