Por Gilson Caroni Filho,
Jornal do Brasil, Ano XII - Número 4594

professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.

“As idéias são cárceres de longa duração”, dizia Fernand Braudel. Cárceres que aprisionam geração após geração, e dos quais é muito difícil escapar, não só pela invisibilidade dos seus muros, mas também pela sua imperceptível reprodução.

Ana Roballo  viveu no Uruguai, durante a ditadura que se
instalou naquele país até meados da década de 80
 
Quando os anos de ditadura (1973-1985) fizeram com que os uruguaios, de alguma forma, esquecessem ou perdessem, em meio a tanto medo e repressão, aquele orgulho por sua democracia, que era uma parte integrante do próprio “ser nacional”, uma mulher, entre tantos outros resistentes, se dispôs a reconstruir o imaginário de uma sociedade civil dinâmica, marcada , até a chegada dos militares ao poder, pela convivência democrática, a livre exposição de ideias e uma poderosa organização partidária e sindical.

Alba Roballo, senadora da Frente Ampla, foi a primeira mulher latino-americana a ocupar um ministério (Cultura) e dele saiu pouco antes de os primeiros estudantes caírem assassinados nas ruas de Montevidéu por um regime que implantou medidas de exceção e abriu caminho para o golpe de estado.